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Começaram as aulas! Week 2

Mais uma semana, mais um post! Aqui estou eu, sobrevivente da primeira semana de aulas!

Aqui na UOW (University Of Wollongong) - não sei se é assim na austrália inteira - temos apenas 4 cadeiras por semestre e cada uma destas, em princípio, tem apenas uma prática (tutorial) e uma teórica (lecture) por semana. Assim sendo, a carga horária de aulas é bastante reduzida quando comparada com a portuguesa e, por isso, temos bastante tempo livre fora da universidade - não significa que seja mais fácil (porque não é!), apenas se faz mais trabalho em casa do que aí.

A menor carga horária aliada a ainda não ter o meu plano de estudos totalmente definido leva a que tenha, por enquanto, segunda e quarta livre.

Feita a introdução, comecemos o relato da semana!


Segunda:


Esta foi uma segunda-feira que soube a domingo. Depois de um fim de semana cansativo e de uma noitada na véspera para escrever o blog (deitei-me às 4h da manhã enquanto cá em casa já tudo dormia às 22h), passei este dia a organizar a tralha do meu quarto (e finalmente tirar tudo da mala!), no meu computador e a ver o que tinha de fazer esta semana.
À noite, já com um bocado de energia, fomos nos arranjar para ir sair mas, quando começou uma chuva torrencial, fomos todas a correr para os nossos pijamas, atacar a nossa reserva de batatas fritas e aterrar na cama da Jess a ver um episódio de uma série estilo novela.


Não tem nada a ver com o texto de segunda-feira mas vejam só o tipo de pássaros que encontramos no campus!

Terça:


Energias repostas, lá saí eu para ir à faculdade tratar do meu plano de estudos e de obter conselhos de professores.
Assim, meia perdida numa faculdade que podia perfeitamente ser na Ásia pela quantidade de indianos e chineses, conheci o Clint enquanto estava a falar com a funcionária responsável pelo atendimento dos alunos. E o Clint salvou-me a vida assim que o conheci. Aluno do quarto ano de engenharia, ele explicou-me como funcionava todo o departamento e deu-me o material das disciplinas a que ainda não tive aprovação - aqui cada cadeira tem no seu moodle (obrigatoriamente!) uma folha com toda a informação da disciplina (quem são os profs, contactos, horários de atendimento, método de avaliação, matéria dada em cada semana, etc) e os powerpoints e materiais de apoio já divididos por semana.
Depois disto fui ter com o professor coordenador de Engenharia Mecânica para pedir a opinião dele em relação às cadeiras que deveria escolher e ele fez logo uma cara feia quando viu que estava inscrita a 5 cadeiras em vez de quatro (e acrescentou que eu não iria conseguir fazer isso).

Depois de toda a papelada tratada e entregue, chegou a hora da minha primeira aula! Australia101, cultura e identidade nacional.
Assim que cheguei ao auditório cheio de estudantes de intercâmbio (novamente 90% americanos), reparei logo num ecrã no canto direito com mais uns poucos alunos sentados em diferentes salas por toda a Austrália  - a UOW, para além de ter campus fora do país, tem também vários pólos pela austrália e, nestes, algumas das aulas são um streaming das aulas que nós estamos a ter aqui, no pólo principal.
A aula começou com uma pequena apresentação da professora e (a diferença que mais notei ao longo da semana) uma apresentação nossa. A professora andou a saltar de aluno em aluno com o microfone na mão a perguntar como nos chamávamos e de onde éramos, para os poucos australianos que lá estavam terem uma noção da interculturalidade presente naquela sala - chegou a dizer que, para os que não tiverem oportunidade de ir de "erasmus", estar nesta aula era quase como fazer um intercâmbio.
Passadas duas horas de uma aula muito soft (e mesmo assim interessante!) sobre o básico da cultura e da história australiana com uma professora incrivelmente motivante, lá segui eu para a minha primeira aula prática de Engenharia.

Managing Engineering Projects, numa aula sem grande coisa para fazer por ser antes da teórica, aqui foi explicado o programa da disciplina e o método de avaliação: trabalhos, mais trabalhos e mais trabalhos. E, no meio destes inúmeros trabalhos, um deles é de grupo. E aqui chega o grande terror de cada aluno de intercâmbio que está sozinho numa disciplina. Assim, reunidos dois grupos de 5 amigos, sobram mais cinco pessoas sozinhas na sala até alguém dizer "E se formos um grupo?".  E assim se formaram três grupos naquela aula prática: dois de típicos rapazes australianos e que estão a tirar o curso juntos desde o primeiro ano e o grupo das minorias (que tinha de ser o meu) - um rapaz australiano claramente introvertido, uma rapariga a estudar engenharia civil, um chinês, um senhor de cinquenta anos que imaginei logo a conduzir um autocarro dos SMTUC enquanto te diz "Bom dia!" com um grande sorriso na cara e eu.


Quarta:


Quarta-feira significa dia livre e, enquanto estivermos em épocas pouco carregadas, significa dia de fazer algo diferente! Roupa de desporto posta e ténis nos pés, lá saí eu e mais três estudantes internacionais (adivinhem lá a nacionalidade) para uma caminhada no monte Keira (deve ser um requisito divino: onde quer que eu vá de intercâmbio, tem de ter um monte com uma forma esquisita).
Ouvindo os conselhos de toda a gente, não fui de calções por causa das "leeches" coisa que, ainda meia a dormir, interpretei sempre como silvas (e fazia sentido!).

Depois de hora e meia perdidas no meio de uma montanha com uma beleza e natureza muito diferente do que estou habituada (e de ter passado um sinal a dizer "NÃO PASSAR!" pois tivemos instruções explícitas de que esse era o caminho certo), decidimos fazer uma pausa para aproveitar as vistas. Mas essa pausa não durou muito: 5 segundos depois de termos descoberto que estávamos num lugar completamente diferente do que o que em que queríamos estar, uma das americanas começou aos berros enquanto apontava para o tornozelo da outra. Depois de (a algum custo) retirada a mini lagarta da perna dela, a mesma americana grita novamente a apontar desta vez para a outra perna da amiga - mais uma mini lagartinha. Assim, no meio de berros e saltos das americanas (e na minha inocente calma de quem não sabia o motivo de tanto histerismo), descemos todo o caminho que fizemos em hora e meia nuns meros dez minutos.

Quando cheguei a casa a primeira pergunta foi logo "Encontraram "leeches"?" com uma cara de nojo e, curiosa, decidi ir pesquisar a tradução para português. Nada mais nada menos do que sanguessugas. E assim, já entendendo o motivo de tanto histerismo, lá fui eu a correr para o duche tentar tirar todo o resto de floresta que em mim havia, como medo de ter uma sanguessuga algures agarrada.



                  Mount Keira, Wollongong;               Pietra di Bismantova, Castelnovo ne Monti;

Quinta:


Num recorde de hora de despertar durante a semana, eu e o Jake (estudante de intercâmbio do Canadá que também está em Engenharia Mecânica) fomos cedo para a aula teórica de Strategic Management of Engineering. Ou pelo menos tentámos. Dez minutos depois, perdidos no campus e completamente encharcados, lá chegámos ao auditório onde iríamos ter aula.
Depois de uma aula de apresentação da disciplina e de ouvir um bocado da divagação do professor em relação à universidade andar a pedir demasiado dinheiro aos alunos para estudar aqui (acho que, em média, as propinas custam cerca de 15 mil euros por ano - não tenho a certeza!), seguimos os dois para a aula prática da mesma disciplina, desta vez com uma professora. E, novamente, a primeira coisa que se fez foi uma apresentação da professora, sentarmo-nos em grupos de forma a que seja mais propícia a conversa com o diferentes colegas(e não só com o que está ao lado) e jogar ao "2 truths and 1 lie" de forma a conhecermo-nos melhor.
Apresentado o programa da disciplina, descobrimos então o método de avaliação: três testes nas aulas práticas e um debate durante uma das aulas - o jake e eu imediatamente escolhemos o tópico "A UOW tem um plano estratégico para chegar aos 1% de melhores universidades do mundo" e começámos logo a escrever inúmeros argumentos num caderno.

E como (para além das montanhas esquisitas) há também a regra sagrada de que, quando a Eva vai de intercâmbio, algo de esquisito se passa com o corpo dela e ela tem de ir ao médico, lá fui eu ao médico do campus. Dúvidas tiradas, consulta feita, receitas passadas e conta final a $0 (foi uma maravilha descobrir que o meu seguro faz com que as consultas no campus sejam grátis), segui para a faculdade de engenharia para ir falar com um professor e, porque não, visitar um professor português na minha faculdade.
Num complicado "Boa tarde!", "What?", "Não é português?", "Sorry?", "Weren't you portuguese?", "I am Vitor", "Yes, but aren't you portuguese?", "Yes I am", "Ah! Então!! Eu disse "boa tarde!"!" e um pedido de desculpas por esta confusão, conheci o professor Vitor Sencadas, do Minho, que está a trabalhar aqui na universidade e que me disse que há mais portugueses aqui e que apresentaria para a semana no meio de um café da manhã.

Enquanto fazíamos tempo para sair para jantar e estávamos na sala à conversa, abri uma notificação de um evento a que tinha dito "Vou" no facebook sem sequer ler bem a descrição. Notificação esta que levava a um post com um escalonamento de trabalho para o tal evento e que, para este, estavam alocadas (nada mais nada menos do que) as pessoas que tinham dito que iam ao evento. Escalonamento analisado, descobrimos portanto que a maior parte dos trabalhadores responsáveis pela venda de salsichas no dia a seguir eram os habitantes de velho apartamento 36 (e, melhor ainda, o Bruno que, apesar de estar em Portugal, tinha então a responsabilidade de estar na banca ao meio dia).
Depois de enviarmos todos uma mensagem à responsável do evento (que é claramente alguém que não sabe muito bem como funciona o facebook) a dizer que afinal não podíamos, ficámos com pena da senhora (e também com pena de desperdiçarmos o almoço grátis e o material de mergulho grátis - descobrimos depois que era uma atividade do grupo de scuba divers da universidade) e remarcámos os nossos turnos, desta vez de acordo com o nosso horário escolar.

Às oito lá saímos nós (Abby, Michelle, Ang e eu) para um jantar com umas italianas que elas conheceram hoje, ao qual se juntaram duas raparigas suiças. E digo-vos já, o maior desafio de viver em Wollongong é arranjar um restaurante que ainda sirva às nove da noite!
Depois de um jantar num fast food mexicano, seguimos para um bar mas, passado pouco tempo, as dores do dente do siso já eram tantas que já só queria vir para casa.
A tentar evitar ao máximo ter de chamar um táxi, publiquei no grupo da nossa residência se haveria algum party bus a voltar para cá e, em resposta, o Jacob (com quem fui às compras no outro dia) mandou-me uma mensagem com os horários do tal autocarro e disse que ia buscar a "namorada" em breve e que me poderia dar boleia também. Como isso não iria acontecer pelo menos nos próximos quarenta e cinco minutos (nem o autocarro) e a necessidade de tomar um analgésico era gigante, não tivemos solução senão ligar para o táxi. Até que, no meio da chamada, recebo uma mensagem do Jacob a dizer que nos vem buscar porque também não está a fazer nada em casa!! (ainda existem anjinhos na terra!!

Sexta-Feira:


Com muita dificuldade de sair da cama, lá os habitantes do 36 (menos a Bec) se foram preparar para ir trabalhar.
Pelos vistos, a venda de salsichas seria à entrada de um armazém/loja de bricolage - Bunnings - e existe em todas as lojas desta marca por toda a Austrália. Quase todos os dias, à entrada de cada Bunnings pelo país, está sempre uma associação sem fins lucrativos a vender salsichas e sumos para tentar angariar algum dinheiro. E assim, toda a gente que vai a esta mesma loja, sabe que vai almoçar nesta barraquinha. Sem saber, fiz a coisa mais australiana que poderia fazer durante todo este ano!

Depois de nos passarmos por Scuba Divers durante uma hora (o presidente do clube de mergulhadores ficou um bocado confuso quando chegou à banca do seu clube e não conhecia nenhuma das pessoas que estava lá a trabalhar), voltámos para o campus e para as nossas aulas.
Fui então para a aula teórica de Managing Engineering Projects, onde encontrei um mexicano que veio comigo no transfer e lá assisti exatamente ao mesmo discurso que ouvi na aula teórica de quinta (o professor regente das duas cadeiras é o mesmo, mas felizmente as aulas teóricas desta disciplina serão dadas por outros dois professores).

Num desespero muito grande com o meu dente do siso, lá liguei para todos os dentistas da cidade (e lá recebi uma tampa de todos eles). Até que, para aí na sexta chamada e depois de ter dito que só segunda-feira, a secretária me diz que, se as dores forem muitas, me arranja um espacinho ainda hoje.
Assim, cheia de medo por ir para um dentista de que nunca ouvi falar e sem qualquer review na internet, fiquei super aliviada quando cheguei ao sítio e descobri que, para além de realmente existir, tinha bom aspecto.

Segunda-consulta da semana feira (venham aí doenças, já domino o sistema de saúde australiano) e menos $60 na minha conta (desta vez não fiquei assim tão contente com o meu seguro), vim para casa descansar.
Jantar feito e casa quase vazia por ser fim-de-semana, eu e a Jess ficámos a ver o "the Help" na sala.

                                                Scuba Diving Club Sausage Sizzle

Sábado:


Logo pela manhãzinha aproveitámos o tempo chuvoso e fomos no carro da Jess para o centro comercial, onde fomos tentar procurar preços mais baratos de bens essenciais (o meu consumo de carne vai reduzir drasticamente) e comprar as últimas coisas que faltam aqui em casa.
À tarde foi dia de lavar roupa e, enquanto esperávamos que os lençóis acabassem o programa na máquina de secar, fomos à Gratitude Room (uma sala que a nossa residência tem cujo conceito é deixar lá o que já não precisamos e qualquer residente pode ir lá buscar o que precisa) e, passado uma hora perdidas nas coisas de outras pessoas, voltámos com um balde cheio de tralha.

Limpezas todas feitas, a Jess, o Conna, eu, a Hannah e a Brenna (amigas do Conna), seguimos para a inauguração de um bar no centro (às oito e meia......) onde tivemos a noite toda a jogar ao quatro em linha e ao jenga com grupos de australianos. À meia noite (hora em que os bares fecham...), seguimos para um restaurante de kebabs onde fomos repor as energias antes de iniciarmos a longa caminhada de volta para a residência (a Jess, por alguma razão, achou que lhe apetecia uma caminhada de uma hora).
O quarto a ficar cada vez mais pessoal! Em breve chegam 60 fotografias para colar na parede



Domingo:


Depois de um brunch na nossa varanda com panquecas feitas pela chef Jess, cada um de nós foi tentar começar a estudar. Este estudo não teve, no entanto, grande sucesso pois, quinze minutos depois, houve uma reunião de grupo no meu quarto em volta da secretária que eu acabara de destruir.

No final da tarde veio uma das Student Leaders ter uma conversa com os membros do apartamento para definir organização de limpezas, de compras de produtos comuns, regras e garantir que estava tudo a correr bem e que não havia falhas de comunicação.
Depois desta conversa, começou a preparação do jantar: nachos na varanda (mais conhecido por Balco*)!

*Balco: de balcony, inventado na semana passada.

Esta semana choveu tanto tanto que não deu para ir à praia. Espero, no entanto, que seja das poucas semanas em que isto aconteça!

                                Isto é uma zona do campus que não costuma ter água..

Agora vou-me deitar que amanhã tenho de acordar cedo para ir ao Bunnings comprar as peças para arranjar a secretária que estraguei e evitar uma multa enorme!

Beijinhos!!
Eva

(esta semana não há direito a vídeo, sorry!!)


P.S.: Coisas engraçadas que já ouvi em relação a eu ser de Portugal:
        "- Tenho um amigo da Argentina! É perto, não é?";
        "- Qual é a tua primeira língua? É inglês?" (obrigada pelo elogio mas não...)
        "- És de Portugal? O nosso dentista é da Colômbia! Podem falar!" (dito por uma russa..)

P.P.S.: A quantidade de pássaros que anda pelo campus é incrível! Para além dos patos assustadores (que são a mascote da universidade), já encontrei pássaros com cores incríveis e pássaros que, sozinhos, fazem uma barulheira tão grande que não deixam ninguém dormir


P.P.P.S.: Os australianos são super preguiçosos e adoram diminuir as palavras. Assim como:
avo - afternoon
rego - registration
reffo - reffugee
e por aí em diante, daí a razão da nossa varanda se chamar "Balco"

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