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O resto da Tasmânia e um cheirinho de Portugal (semana 18)

Novamente atrasado (eu sei, eu sei), aqui vai finalmente o post da minha décima oitava semana na Austrália! Agora que chegaram as férias de inverno (entre os dois semestres temos um mês de férias), os próximos posts vão falar das minhas viagens por este país maravilhoso.


Segunda-feira, 19 de Junho:


Depois de uma noite num parque de campismo a um salto da praia e de tomar o pequeno almoço, seguimos rumo à próxima paragem: Bay of Fires. Algumas horas, paisagens incríveis e uns bons quilómetros depois, lá chegámos à praia com a água mais transparente que alguma vez vimos - embora todas as praias que vimos até agora na Tasmânia têm água incrivelmente translúcida, esta ainda nos conseguiu surpreender mais. Com uma paisagem maravilhosa e um tempo convidativo, aproveitámos para dar um passeio na praia até às rochas.


Bay of Fires (e a sombra da Abby)





Já com fome e a caminho da vila mais próxima para ir comer qualquer coisa, encontrámos um carro espetado no meio do mato. Assim, decidimos voltar para trás para averiguar a situação e a nós juntaram-se outros carros. Como não estava ninguém dentro do carro, seguimos viagem mas sempre a estranhar a situação. No entanto, achamos que a justificação possa ter a ver com o sinal de telemóvel: depois de ter tido o acidente e não sendo suficientemente grave para ligar ao 000 (112 da Austrália), o condutor teve de sair e caminhar em direcção à localidade mais próxima pois não teria rede para ligar à assistência a pedir para lhe tirarem o carro dali.

Assim, retomado o caminho em direção à vila, lá encontrámos um café onde parámos para devorar um prato de fish and chips. Ou pelo menos para tentar. Como o prato estava ridiculamente cheio, acabámos por pedir caixinhas para trazer os restos para a carrinha.

Decididas a ir visitar a Cradle Mountain no dia a seguir, decidimos começar a conduzir em direcção a esta e procurar um sítio para dormir a caminho de lá. Graças à aplicação de campismos na Austrália – Camper Mate, encontrámos um free camping no meio do nada (e, mesmo assim, com a melhor rede que já tivemos!). Assim que chegámos (e para estrear logo a cobertura do telemóvel), recebi uma chamada do Tony (administrador de KB) a dizer que não quebrei o contracto – aparentemente não acharam os meus motivos suficientes e então tenho de ficar outro semestre nas residências universitárias, o que implica mudar de casa temporariamente enquanto remodelam a minha e depois voltar.

Sozinhas e aterrorizadas dentro de um carro num free camping no meio da Tasmânia, assim que ouvimos outro carro a entrar para lá desligámos as luzes todas e pusemo-nos a espreitar para ver se eram de confiança. Depois de ver que era um casal relativamente jovem e de termos deixado cair algo dentro do carro, sentimos que devíamos ir lá fora para nos apresentarmos e não passarmos nós por esquisitas. Assim que saí, e embora estivesse muito escuro, reparei logo no gorro vermelho da rapariga. E, enquanto falávamos, reconhecemo-los! Eram os que tínhamos conhecido no dia anterior no topo do Mt. Amos! Depois de ficarmos um bocado à conversa e partilharmos experiências das nossas viagens (inclusive do gorro vermelho perdido), lá viemos para o carro e adormecemos.


Terça-feira, 20 de Junho:



De pé logo de manhã e a cozinhar enquanto falávamos com os nossos vizinhos, lá seguimos viagem para Mt. Cradle.
Quando lá chegámos e depois de pedirmos conselhos na recepção, decidimos não fazer a caminhada até ao topo da montanha (para quê o esforço se quando chegássemos lá estava tudo nublado?) mas apenas uma caminhada à volta do lago.

Assim, depois de pagarmos a entrada no parque nacional, de apanharmos o autocarro até ao ponto de começo e de preenchermos as nossas informações, que caminhada pretendíamos fazer e a sua duração (para, caso não tivessem notícias nossas, virem à nossa procura), começámos a nossa volta ao lago Dove. Embora as paisagens dos primeiros cinco minutos nos tenham cativado, rapidamente nos fartámos da caminhada sempre em volta da mesma coisa e ocupámos o nosso tempo com uma aula de português – para além de saber dizer que vem dos estados unidos, a Abby também já sabe cantar a música “Cabeça, ombros, joelhos e pés” de forma muito arranhadinha. Como quando chegámos ao final da caminhada o autocarro para nos trazer de volta não estava lá, decidimos continuar até à próxima paragem – coisa de que nos arrependemos imenso dado que começou a chover acompanhado de imenso vento. Assim, mal saímos do autocarro e chegámos à recepção do parque nacional, decidimos beber um chocolate quente no café e planear o resto da viagem – como o tempo estava mau e não estávamos lá a fazer nada, decidimos começar a conduzir rumo a Hobart. E, sem querer, acabámos por vir dormir exactamente ao mesmo sítio onde tínhamos dormido na noite anterior, desta vez com menos medo.


Lake Dove e Cradle Mountain











Quarta-feira, 21 de Junho:


 

Acordadas logo de manhãzinha, assim continuámos a nossa viagem em direcção à capital da Tasmânia. Depois de atravessarmos montanhas e montanhas e de vermos neve (quão esquisito é ver neve em junho?) em várias delas, decidimos parar no próximo café para fazer uma pausa. Café acompanhado com o pior serviço a nível de simpatia que alguma vez tivemos, acabámos por nem ficar um bocado no estabelecimento e seguimos logo viagem.
Não sei se referi antes, mas aqui na Tasmânia, de cinco em cinco metros, encontra-se um wallabe (espécie de canguru mas pequeno) atropelado com um corvo a aproveitar-se dos seus restos mortais. Nesta viagem, no entanto, vimos duas águias gigantes em vez de corvos!

algures no meio da Tasmânia


Assim que chegámos a Hobart, conduzimos em direcção ao MONA – Museum of Old and New Art (?). Recomendado por toda a gente que conhecemos que já veio cá, estávamos com as expectativas muito altas. Com uma óptima primeira impressão do museu, acabámos por entrar na exposição temporária “Museum of Everything” que mudou radicalmente a nossa opinião – salas e salas (e salas e salas!) cheias de tralha a que chamavam arte. Depois de sairmos para ir comer alguma coisa à carrinha, acabámos por voltar para o Museu para ver o resto do edifício.
Programa turístico do dia feito, foi altura de conduzir até aos subúrbios da cidade para, depois de limpar e arrumar tudo, entregar a carrinha. Tudo despachado, chamámos um uber que nos levou para a estação rodoviária enquanto contava piadas sobre a rivalidade entre Hobart e Launceston. Como ainda tínhamos tempo até à partida do autocarro, demos uma volta no centro de Hobart e aproveitámos para comer qualquer coisa.


Museum of Everything


Museum of Everything



Já de noite e em Launceston, o condutor do autocarro disse-nos que aquela era a nossa paragem e lá fomos a pé até à casa onde íamos passar a noite – passado anos de me ter inscrito no Couchsurfing e muitas mensagens de homens velhos a oferecer alojamento (em Brisbane a oferta era dentro de um armazém...), decidi finalmente experimentar. Com imensas e excelentes reviews, combinámos assim com o Mark. Divorciado e pai de três filhos já fora de casa, o Mark decidiu aproveitar a casa de família para AirBnb e Couchsurfing. Mal chegámos, e depois de ter perguntado pela situação do incêndio de Pedrogão, pôs-nos logo à vontade. Assim, depois de termos tomado um duche quente, ficámos os três à conversa à volta da lareira.

Vista sobre Hobart pelo jardim do MONA



Quinta-feira, 22 de Junho:



Quinta-feira, depois de nos termos arranjado, despedido do Mark, tomado o pequeno-almoço e deixado um bilhetinho a agradecer a simpatia do nosso host, apanhámos um táxi para o aeroporto e seguimos de volta para Sydney.
Embora estivesse a planear voltar para Wollongong para começar a organizar as minhas coisas, os meus pais e o Arsénio acabaram por me vir buscar para almoçarmos todos juntos em casa dos meus primos. Depois de termos posto a conversa em dia, os meus pais e a Amélia levaram-me a pé à estação de comboios, de onde parti para Wollongong.

Eu, a Amélia e a minha mãe


Assim que cheguei a casa (e depois de ter posto também a conversa em dia com os meus colegas de casa e de agradecer os casacos quentinhos que a Laylah nos emprestou), fui tomar banho e seguimos todos para o Eat Street Market – para a despedida da Abby, fomos todos jantar juntos (mais a Catherine, uma amiga da Jess que veio cá passar uns dias) à feira de comida de rua a que ela nunca tinha ido. Depois de comermos os nossos hambúrgueres a ver um concerto, voltámos para casa para nos prepararmos para a noite – embora os planos iniciais da Abby eram de ficar em casa a ver um filme, acabou por mudar de ideias e decidiu que íamos todos sair à noite.

Depois de fazermos os típicos pre drinkings em casa e de perdermos o party bus, acabámos por ligar ao John (o nosso taxista preferido a quem ligávamos sempre durante a O-week). Como era o último dia de exames, quando chegámos ao Illawarra já havia uma fila gigante e decidimos ir ao 151. Assim que chegámos, encontrámos duas raparigas a fazer pinturas faciais. Uma delas, asiática, aproximou-se de mim e perguntou-me o que é que eu queria, a que eu respondi “whatever, I don’t really care”. Cheia de graça, a rapariga decidiu desenhar uma suástica, tirar fotos e rir-se, sem me contar o que tinha desenhado. Assim que descobri, obriguei-a a desenhar algo diferente ou disfarçar, coisa que acabou num borrão que fui rapidamente limpar. Entretanto, ainda ao som horrível da música do 151, encontrámos o Jake e o Markus, com quem acabámos por ir para o Illa e tivemos uma das noites mais divertidas desde que estamos cá. E, como qualquer noite boa tem em comum, depois de sairmos do Illa seguimos para o McDonald’s e depois para casa, sempre com o John a conduzir.

Abby, Jake, eu, a Bec, a Katherine, a Jess e cinco emplastros



Sexta-feira, 23 de Junho:



Sexta-feira, depois de acordar cedo para ajudar a Abby com as malas e de me despedir dela, aproveitei para ir ao escritório das residências e perguntar qual seria o meu quarto provisório. Depois de me terem dito que só me poderia mudar na segunda-feira mas que poderia deixar as coisas na sala de estar e depois de eu ter reclamado com a má organização toda da residência, lá me arranjaram outro quarto para o qual me pudesse mudar ainda hoje. Assim que a Bec e o Conna souberam também os seus quartos, lá fomos os três de apartamento em apartamento para descobrir os nossos novos colegas de casa e apresentarmo-nos, nervosos com o que iria calhar. Depois de irmos visitar o apartamento da Bec onde já conhecíamos toda a gente, fomos dar um saltinho no meu: super limpo e com luzinhas no corredor e na varanda, conheci logo o meu primeiro colega de casa – o Dallas, um australiano que toca guitarra e que toda a gente conhece na residência, que pareceu ser super querido.
Entretanto, depois de tentarmos ver o novo apartamento do Conna mas de ninguém nos ter aberto a porta, o telemóvel tocou: o Arsénio, a Amélia e os meus pais chegaram a Wollongong para me ajudar com as mudanças. Depois de lhes ter mostrado o caos do nosso apartamento e de planearmos o dia, os meus primos seguiram de volta para Sydney, deixando cá os meus pais. Como tinha um treino do AIME e estava cheia de pressa, acabei por levar os meus pais numa tour pelo campus e de lhes mostrar a Universidade de Wollongong. Acabando por não ir ao training, passei lá no meio da tour para explicar porque é que não tinha conseguido ir e pedir desculpa.

Visita guiada acabada, foi altura de meter mãos ao trabalho e fazer e desfazer malas enquanto se trocava tudo de casas. Com mais uns passeios por Kooloobong enquanto se metia roupa a levar e a secar, lá se mudou tudo de casa, fez-se a mala para as férias e apanhou-se o comboio de volta para Sydney, onde estava o Arsénio, a Amélia e a Carla à espera para jantar.


Sábado, 24 de Junho:



Fim-de-semana (não é que eu tenha trabalhado muito durante a semana)! Pequeno-almoço tomado, saímos de carro em direcção à marina – para celebrar o facto dos meus pais estarem cá e dos meus primos fazerem 45 anos de casados, os patrões da minha prima ofereceram-nos um dia de passeio por Sydney no barco deles. E haverá melhor maneira de conhecer Sydney?









Depois da manhã toda a passear e aproveitar o bom tempo, parámos numa praia afastada da cidade para almoçar frango com batatas fritas (“É uma casa portuguesa com certeza”).




O Misel, a Carla, o Arsénio, o meu pai, a Amélia, eu e a minha mãe


Assim que acabámos o nosso passeio, lá viemos para casa jantar os cinco e descansar.


Domingo, 25 de Junho:



Domingo foi dia de acordar cedo para aproveitar bem o dia. Depois de uma visita guiada ao mercado de peixe feita pelo Arsénio – que obviamente deixou os meus pais fascinados com a variedade (e até a mim pelos preços baixos em comparação ao preço do supermercado!), fiquei eu responsável por mostrar Sydney aos turistas. A começar na Darling Harbour pelo museu marítimo, fizemos o caminho a pé exactamente igual ao que fiz com os meus primos na segunda-feira de Páscoa – até almoçamos no pub em que tínhamos tentado almoçar da outra vez. Chegados a Circular Quay, ficámos sentados ao sol a ver a diversidade de pessoas que passava – novamente deixando o meu pai fascinado, desta vez pela percentagem de asiáticos.




Novamente em casa, foi dia de conhecer mais portugueses - para o jantar, os meus primos convidaram os primos deles, a Cidália e o António (que eu já conhecia do almoço de páscoa). Depois de um jantar delicioso (como já estamos habituados aqui em casa), tivemos direito a uma Pavlova (sobremesa neozelandesa mas também muito comida na Austrália) que conquistou todos os que a provavam pela primeira vez (e reconquistou os outros).


Agora que já acabou a minha viagem pela Tasmânia, posso finalmente dar-vos um feedback geral: embora seja uma das partes menos conhecidas da Austrália, a ilha da Tasmânia foi um dos sítios de que mais gostei até agora! Quase completamente isolado do resto do mundo, tem paisagens maravilhosas e uma vida animal incrível! Para quem está a pensar vir à Austrália e tem tempo, a Tasmânia deve ser um dos destinos a considerar!

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